UM TRIBUTO
Belchior, entre tangos argentinos e blues
O nome é tão longo e maneiroso quanto a importância que assumiu para a música brasileira: Antônio Carlos Belchior.
Mas pode ser tão curto e grave quanto o tempo que os primeiros acordes de suas composições levam para impactar no juízo do ouvinte: Belchior.
Entre deixar a cidade natal, mudar-se para Fortaleza, largar o curso de medicina, transferir-se para o Rio de Janeiro e tornar-se referência da boa lírica da canção no Brasil, os tempos e compassos diversos têm marcas especiais para Belchior e a legião de admiradores que respeitam e conhecem, verso após verso, a arte do sobralense que ganhou o mundo.
E já se superaram, afinal, os 65 anos do nascimento de Belchior, em Sobral, e os 40 anos do lançamento de "Na Hora do Almoço", compacto editado em 1971 pela extinta gravadora Copacabana - um ano antes de a gaúcha Elis Regina ter gravado Mucuripe, parceria dele com Raimundo Fagner, e o projetado de modo definitivo na cena artística brasileira.
Pequenas mudanças fazem grande diferença
Essa projeção não foi, obviamente, obra e graça do destino. Deveu-se ao talento e ao empenho extremos, sensibilidade e conhecimento profundos - virtudes que gente como Elis Regina reconheceu quatro décadas atrás e que gente que faz blues reconhece hoje, bebendo nas mesmas fontes em que Belchior bebe.
Daí a homenagem.